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quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Luto

Frente aos recentes acontecimentos, fui obrigado pela vida a voltar a abrir os olhos. A morte vem para todos. Por mais duras que sejam essas palavras, elas são a pura e plena verdade. Não é necessário, como eu e meus amigos fazemos nos finais de semana, viver aventuras em mundos cheios de monstros e magia e armadilhas mortais. Para morrer, basta ter vida.
Da mesma forma como o velho, de oitenta e tantos, que já abraça a morte há tempos e a tem como amiga aliviadora de dores quando chega, a morte também vem ao desavisado que atravessa a rua sem olhar os dois lados e ao doente desde jovem, que sabia que um dia, sem mais nem menos e sem aviso prévio, a vida chegaria ao fim. Ela pode levar o amor de nossa vida, o pai que ainda não ouviu o filho dizendo um simples "papai", ou o filho que botamos no mundo com tanto esforço e que sempre foi nosso apoio nos momentos mais difíceis.
Obviamente esses fatos sempre me fazem lembrar das palavras de um dos maiores poetas destes e de outros tempos: "Os filhos não deveriam morrer antes dos pais", e completo, isso é antinatural pois, mesmo não tendo filhos, não consigo imaginar dor psicológica maior do que perder alguém que amamos incondicionalmente e que nos amou da mesma forma. Claro que ai podem dizer as más línguas, que a dor é equivalente a perder o pai ou a mãe. Mas acho que ao nascer, já chegamos ao mundo preparados para nos separarmos dos pais quando a hora chegar. Mas como um pai pode considerar-se preparado para perder um filho?
As penas são duras. E não há cura para a morte. Não há choro, nem tristeza, nem oração que traga de volta a pessoa que se foi. O que nos resta é apoiarmo-nos nos vivos em busca de alento e, ao invés de esquecer para tentarmos superar a tristeza, devemos nos lembrar de tudo o que aprendemos com essa pessoa. Todos os momentos bons podem superar qualquer momento ruim. E esse deve ser o caminho para a superação da tristeza. Não o esquecimento, mas a lembrança. A lembrança de um tempo melhor, onde todos vivíamos juntos e felizes sob o sol deste nosso planeta.

Em memória de Rodrigo Wildner. Cunhado querido. Sentiremos sua falta.

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